temperaturas baixas: riscos e medidas de proteção

Temperaturas Baixas: Riscos e Medidas de Proteção para Trabalhadores

08 de Janeiro de 2024

Com a chegada das estações mais frias, trabalhadores em diversas indústrias enfrentam desafios únicos relacionados às condições climáticas. A exposição prolongada ao frio pode resultar em diversos riscos à saúde, desde constipações até situações mais graves, como hipotermia. Neste artigo, exploraremos os riscos associados ao trabalho no frio e discutiremos medidas essenciais de proteção.

Riscos do Trabalho no Frio

Existem determinadas profissões que, pela natureza das suas funções, se encontram mais expostas a temperaturas baixas sejam elas desenvolvidas no interior (como indústrias alimentares e instalações frigoríficas) ou no exterior (como construção civil, agroindústria, pesca, atividades florestais ou mineração).

Os trabalhadores que estão expostos a baixas temperaturas enfrentam vários riscos para a saúde e segurança. Alguns dos riscos associados ao trabalho em baixas temperaturas incluem:

Congelamento (Frostbite)

Resulta da exposição excessiva ao frio ou contacto com objetos extremamente frios. Pode originar danos nos tecidos e, em casos graves, resultar em amputações.

Ulcerações

Ocorrem pela exposição prolongada a temperaturas baixas em que ocorre uma mudança da cor da pele (mais esbranquiçada), seguida de dor e formação de bolhas.

Síndrome de Raynaud

Afeta os vasos sanguíneos, especialmente as extremidades do corpo, (dedos das mãos e dos pés, nariz e orelhas), onde existe redução do fluxo sanguíneo, levando a alterações na coloração da pele, passando pela palidez, cianose e rubor.

Hipotermia

Resulta da perda excessiva de calor corporal (temperatura corporal desce abaixo de 35ºC), afetando órgãos vitais e funções corporais. A hipotermia pode originar náuseas, fadiga, tonturas, dor nas extremidades (mãos, pés, orelhas) desorientação, tremores, fala arrastada e em casos extremos, coma e morte. Mova o trabalhador para um local abrigado e quente. Procure ajuda médica se necessário.

Problemas respiratórios

A exposição constante ao frio enfraquece o sistema imunitário, podendo aumentar o risco de problemas respiratórios, como bronquite gripes e pneumonia.

Agravamento de doenças reumáticas e lesões músculo-esqueléticas

A exposição a baixas temperaturas faz com que o sangue se desloque das extremidades em direção aos órgãos vitais, onde é mais necessário, deixando os músculos periféricos mais vulneráveis, aumentando queixas de cervicalgias (dores no pescoço) e dor nos membros superiores.

Exaustão e Fadiga

Trabalhar em condições de frio extremo pode levar à fadiga e exaustão mais rápida, afetando o desempenho, reatividade e concentração no trabalho, diminuindo a produtividade e/ou aumentando o risco de acidentes de trabalho.

Redução da Destreza Manual

O frio pode reduzir a destreza manual, aumentando o risco de acidentes. A necessidade de utilização de equipamento de proteção individual (por exemplo luvas), pode também diminuir a sensibilidade. É importante que o EPI seja de tamanho adequado e que os equipamentos possuam comandos cuja manipulação seja segura com luvas.

Desidratação

Em ambientes frios a sede pode ser suprimida/ atenuada, contribuindo para uma desidratação mais fácil.

 

Quais as obrigações dos empregadores relativamente aos cuidados com o frio?

A necessidade de implementar medidas de prevenção e de proteção para assegurar a saúde e o bem-estar dos trabalhadores no inverno, está prevista na legislação portuguesa no Decreto-Lei n.º 243/86, de 20 de agosto:

“Os locais de trabalho, bem como as instalações comuns, devem oferecer boas condições de temperatura e humidade, para proporcionar bem-estar e defender a saúde dos trabalhadores”. (Artigo 11.º)

“Os trabalhadores que exerçam tarefas no exterior dos edifícios devem estar protegidos contra as intempéries e a exposição excessiva ao sol”. “A proteção deve ser assegurada (…) por abrigos ou pelo uso de fato apropriado e outros dispositivos de proteção individual. (Artigo 12.º)   

“Sempre que os trabalhadores estejam submetidos a temperaturas muito altas ou muito baixas em consequência das condições do ambiente de trabalho, devem ser adotadas medidas corretivas adequadas ou, em situações excecionais, ser-lhes facultadas pausas no horário de trabalho ou reduzida a duração deste”. (Artigo 13.º)

As empresas devem ainda efetuar a avaliação do ambiente térmico e stresse térmico a que os trabalhadores estão expostos, sempre que identificada a sua necessidade em avaliação de riscos, para assegurar o conforto térmico dos trabalhadores.

 

Medidas de Proteção:

 

Equipamento de Proteção Individual

Vestuário:  Recomenda-se o de várias camadas, em vez de peças muito grossas, sendo a camada mais externa impermeável (corta-vento se necessário).

Proteção das mãos: recomenda-se o uso de luvas sempre que a temperatura for inferior a 4ºC (trabalho leve) ou -7º C (trabalho moderado).

Proteção da Cabeça: Tendo em conta que metade do calor corporal é perdido pela cabeça, é muito importante usar um gorro e/ou capacete.

Proteção pés: o calçado deve ser antiderrapante, flexível, poroso (mas impermeável), do tamanho adequado ao pé e às meias e deve ajustar-se facilmente às calças. As meias devem ser grossas ou usar dois pares mais finos. O material deve permitir manter o pé seco e quente.

Proteção da face: máscaras podem ser necessárias para temperaturas muito baixas. devem ser impermeáveis ao vento e à água e sem componentes metálicos em contato com a pele.

 

Medidas de Proteção Coletiva

Proporcionar Formação/Informação aos trabalhadores: Informar sobre os riscos do trabalho no frio, os sinais de alerta em si e nos colegas e práticas seguras. O trabalhador deve saber quando sair do frio (sempre que sentir dor nas extremidades e/ ou tremer com intensidade). Em cada turno deverá existir pelo menos um funcionário com noções de primeiros socorros.

Distribuir tarefas e garantir o trabalho a par para temperaturas inferiores a -12ºC

Monitorizar as Condições Meteorológicas: e planificar o trabalho de forma a realizar trabalhos sujeitos a maior risco para o frio na estação do ano mais quente e orientar a realização das tarefas para interior, sempre que possível.

Aquecimento de Áreas de Trabalho: Disponibilizar áreas aquecidas para abrigar os trabalhadores durante pausas, trocas de roupa e atividades que não podem ser realizadas ao ar livre.

Hidratação Adequada: O frio pode levar à perda de líquidos. Incentivar a hidratação regular é crucial. De preferência fornecer bebidas quentes (o café deve ser evitado devido ao seu efeito diurético (que aumentará o risco de desidratação)

Disponibilizar EPI adequado ao trabalhador e à atividade, em bom estado de conservação

Testar as máquinas em condições de frio e proporcionar manutenção adequada. Todos os utensílios de metal devem estar devidamente revestidos.

Monitorizar a temperatura ambiente, bem como a velocidade do vento.

Garantir a aclimatização de novos funcionários, que devem iniciar a atividade por turnos curtos

É importante avaliar e monitorizar as medidas de SST sazonais. Se existir exposição simultânea a agentes químicos e/ ou vibrações, os riscos da exposição ao frio serão maiores e o seu controlo deverá ser mais rigoroso.

 

Os postos de trabalho sujeitos a temperaturas baixas têm algumas particularidades que deverão ser conhecidas por toda a equipa de Saúde Ocupacional (Médico do Trabalho, Técnico de Higiene e Segurança no Trabalho e outros profissionais), para que se consigam atingir plenamente os objetivos globais da equipa de Saúde Ocupacional e prevenir os riscos profissionais.

É importante conhecer não só as condições climatéricas (temperatura, humidade e velocidade do vento) mas também as características do posto de trabalho ( tarefas mais intensas provocam maiores níveis de transpiração, aumentando a humidade do corpo e um rápido arrefecimento) e as características individuais (idade, condição física ou complicações de saúde como asma e problemas de circulação arterial)

Ao adotar medidas preventivas coletivas e individuais e promovendo uma cultura de segurança, as empresas podem garantir o bem-estar dos seus colaboradores durante as condições adversas do inverno. Assim, se a sua empresa precisa de um acompanhamento personalizado e atento contacte-nos e garanta a saúde e o bem-estar dos trabalhadores da sua empresa. 

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Sobre a Clínica Vera Cruz

A Clínica Vera Cruz é uma empresa prestadora de serviços externos nas áreas da Segurança e Saúde do Trabalho, devidamente autorizada perante a DGS (Direção Geral da Saúde), ERS (Entidade Reguladora da Saúde) e ACT (Autoridade para as Condições do Trabalho). Somos a ponte entre a legislação em vigor e o sucesso da sua empresa.

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