gás radão

Gás Radão nos Locais de Trabalho: Riscos e Medidas de Prevenção

10 de Agosto de 2025

Apesar de ser geralmente associado a habitações residenciais, o gás radão representa um risco relevante nos locais de trabalho, especialmente em edifícios com pouca ventilação ou construídos sobre solos com elevada atividade radioativa.
Descubra neste artigo as consequências da exposição ao gás radão e as estratégias a implementar na sua empresa para salvaguardar a segurança e a saúde no trabalho.

 

O que é o Gás Radão?

O gás radão é um gás radioativo natural, incolor, inodoro e insípido, proveniente do urânio presente nas rochas e solos, que emerge do solo e penetra em ambientes fechados através de fissuras.

Por ser um gás inodoro, a acumulação de gás radão constitui um fator de risco invisível, que facilmente passa despercebido.

 

Por que o Radão é um risco no trabalho?

O gás radão chega aos locais de trabalho escapando por fissuras no pavimento, nas paredes, nas janelas ou em canalização sem isolamento adequado. Posteriormente, acumula-se no interior dos edifícios (principalmente no piso térreo), podendo atingir níveis preocupantes.

O radão contribui de forma significativa para a exposição humana à radiação natural, constituindo uma parcela importante da dose global de radiação em edifícios e locais de trabalho.

Segundo a Agência Portuguesa do Ambiente (APA) a inalação de radão é a maior fonte de exposição à radiação ionizante da população contribuindo em mais de 40% para a dose efetiva.

Além disso, os padrões de proteção radiológica reconhecem que os trabalhadores podem receber doses associadas à exposição ao radão, e por isso há guias específicos para ambientes ocupacionais. Como é o caso do guia da IAEA de segurança para proteção de trabalhadores contra o radão.

É importante salientar que as orientações não se aplicam apenas a minas, mas também a edifícios como escritórios, fábricas, estabelecimentos de saúde cujas condições favoreçam a acumulação do gás.

 

Efeitos do Radão para a saúde

O principal perigo associado ao radão decorre do fato de que, ao inspirarmos ar que contém radão, as partículas emitidas podem interagir com os tecidos pulmonares e causar danos ao DNA, contribuindo para o desenvolvimento de cancro do pulmão.

Segundo a Organização Mundial de Saúde, estima-se que a exposição ao radão cause entre 3 a 14% dos cancros do pulmão a nível mundial. Em toda a Europa, estima-se que 9% das mortes por cancro do pulmão se devam à exposição ao radão, representando cerca de 2% de todas as mortes por cancro.

 

Exposição Profissional

O radão está presente em todos os edifícios, no exterior e no interior.

Em Portugal existem certas áreas do país que são mais propensas a ter edifícios níveis elevados de radão no seu interior. Essas áreas podem ser consultadas no mapa de suscetibilidade ao radão.

O mapa produzido a partir de um levantamento nacional, a campanha nacional de monitorização do gás radão, é indicador do nível de suscetibilidade ao radão no interior dos edifícios.

Todos os edifícios contêm radão e na maioria as concentrações são baixas. Contudo, a única forma de saber qual a concentração de radão é através de medições.

No norte do país e no centro interior a média da concentração de gás radão no interior dos edifícios tende a revelar-se mais elevada.

Contudo, deve ter-se em consideração que o mapa de suscetibilidade apenas indica os níveis médios de radão para determinada zona, não devendo ser utilizado para prever o nível de radão num edifício.

Os principais fatores que condicionam a concentração de gás radão no local de trabalho incluem:

  • Tipo de solo sobre o qual assenta o edifício (geologia)
  • Materiais e técnicas de construção
  • Infiltrações de água
  • Clima (regiões temperadas e frias apresentam níveis de pressão que facilitam a deslocação do gás radão)
  • Eficácia da ventilação
  • Hábitos de utilização do espaço

 

Como medir e monitorizar o radão nos locais de trabalho

De acordo com o quadro legal em vigor e o Plano Nacional do Radão (PNRn), o empregador deve avaliar periodicamente os níveis de radão na empresa, ou seja, avaliar quantos Bq/m³ (becqueréis por metro cúbico) o local de trabalho apresenta.

A concentração de radão no interior de edifícios não é constante, apresenta variações diárias (geralmente mais elevadas durante a noite e mais baixas durante o dia), sazonais (mais elevadas no inverno e mais baixas no verão) e também anuais.

A medição do gás radão nos espaços interiores é a única forma de aferir se as concentrações excedem o nível de referência nacional. Esta medição pode ser realizada através de monitores ativos (dispositivos que necessitam de componentes ativos como bombas ou energia para realizar a amostragem) ou passivos (mais recomendados pela APA e que não necessitam de energia para funcionar).

Assim, recomenda-se a utilização de detetores passivos, durante, pelo menos, três meses e no máximo um ano, para permitir a comparação dos resultados com o valor de referência nacional (300 Bq/m3). O objetivo será manter níveis tão baixos quanto razoavelmente possível.

A frequência das monitorizações da exposição ao radão dependerá, das características de cada local de trabalho e da sua área de suscetibilidade.

Depois de medir, faz-se a avaliação: se os níveis ultrapassarem o limiar de ação é necessário implementar medidas corretivas ou mitigatórias.

 

Medidas de prevenção e proteção dos trabalhadores contra o radão

A redução da exposição ao radão no interior dos edifícios é feita através de medidas preventivas (implementadas na fase de construção de novos edifícios) ou através de medidas corretivas/de remediação (para os edifícios existentes).

Quando a medição indica valores elevados, estas técnicas podem ser usadas em conjunto, para reduzir a concentração de radão no interior:

 

Medidas preventivas

  • Isolar estruturas com barreiras antirradão
  • Despressurizar o solo
  • Otimizar a ventilação natural

Medidas corretivas

  • Melhorar a ventilação (natural/mecânica) no subsolo e no piso térreo
  • Manter uma pressurização positiva no interior do edifício
  • Aplicar membranas de isolamento contra radão nos pavimentos e nas paredes

 

Após a aplicação de medidas preventivas ou corretivas contra o gás radão, deverá medi-lo, para verificar a sua eficácia. Se após a implementação destas medida, a concentração de radão no local de trabalho permanecer acima de 300 Bq/m3, deverá avaliar a dose efetivamente absorvida pelos trabalhadores, garantindo que não excede 6 mSv/ano.

 

Trabalhadores expostos a doses superiores a 6 mSv/ano requerem as seguintes medidas de proteção adicionais:
  • Delimitar o acesso a locais com maior incidência de radão
  • Controlar as entradas nas áreas mais afetadas
  • Minimizar a permanência nas zonas de maior risco
  • Instalar sinalética de aviso: símbolo de perigo de radioatividade
  • Os trabalhadores expostos deverão ser objeto de monitorização individual por dosimetria

 

Para além de todas estas medidas é importante destacar a importância da sensibilização dos trabalhadores. Enquanto risco profissional, as causas e consequências para a saúde decorrentes da exposição devem ser dadas a conhecer aos trabalhadores.

A APA disponibiliza um conjunto de informações relevantes e que devem ser transmitidas aos trabalhadores durante a campanha de monitorização ao gás radão no local de trabalho. É igualmente disponibilizado um folheto informativo sobre o radão.

Consulte também o Infográfico CLÍNICA VERACRUZ – Gás Radão, que poderá utilizar para sensibilizar os trabalhadores para esta temática:

 

Conclusão

Em resumo, o gás radão constitui um risco real e mensurável nos locais de trabalho, sobretudo em edifícios mal ventilados e sobre solos radioativos. Prevenir a exposição dos trabalhadores ao radão deve ser uma prioridade central nas empresas.

Contudo, com uma abordagem estruturada, medições rigorosas, definição de limiares e adoção de medidas de mitigação é possível reduzir substancialmente esse risco, protegendo a saúde dos trabalhadores.

A CLÍNICA VERACRUZ  apoia as empresas clientes na avaliação de gás radão, através da parceria com laboratório acreditado pela APA para essa monitorização, que obedece a critérios e procedimento de validação pela autoridade competente.

Se precisa de ajuda para proteger os seus trabalhadores contra a exposição ao gás radão, fale connosco. A nossa equipa técnica de Segurança no Trabalho está apta a apoiar a sua empresa.

 

Recursos Importantes:

 

 

 

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Sobre a Clínica VeraCruz

A Clínica VeraCruz é uma empresa prestadora de serviços externos nas áreas da Segurança e Saúde do Trabalho, devidamente autorizada perante a DGS (Direção Geral da Saúde), ERS (Entidade Reguladora da Saúde) e ACT (Autoridade para as Condições do Trabalho). Somos a ponte entre a legislação em vigor e o sucesso da sua empresa.

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